domingo, 23 de agosto de 2009

Fim de semana

Sexta-feira a noite: um pulo até a biblioteca. Um livro pro questionário que ainda não sei quando terei que entregar. Um livro pra fazer um resumo da matéria que o professor deu e eu não anotei. Um amigo de faculdade na hora certa pra pegar mais um livro no nome dele. Dessa vez, um livro um pouco diferente. Psicologia Social o nome. Livro perfeito para ler e começar a formar o esqueleto do projeto de monografia. Um sorriso contente. Com certeza daria tempo de devolver os dois primeiros livros na segunda e ir lendo o último aos poucos.

Madrugada de sexta pra sábado: Chego em Saquarema. Entro no carro da minha mãe. Ainda não fechei a porta. E já começam as recriminações. Um suspiro cansado. Um olhar perdido pela janela. O percurso é pequeno. Chego na casa dos meus pais. Vou pra cozinha enquanto continuo escutando o quanto irresponsável eu sou. Pego o cd que ganhei mais cedo quando saía do escritório. Contraplonge. A banda de um colega de trabalho. Coloco o cd para tocar e um rock vai preenchendo o espaço. A quarta música me toca. Entrelinhas o nome. “Essa música é ótima” penso enquanto escuto e leio a letra. Já estou cansada. Resolvo escutar o resto no dia seguinte. Deito. Durmo. Um sono sem sonhos.

Sábado de manhã: O barulho do carro saindo me acorda. Olho o celular. Pai saiu com certeza. É mãe levando irmã pro pré-vestibular. Adormeço. Acordo repentinamente e desço as escadas. Silêncio absoluto. O carro ainda não está de volta à garagem. Volto pro quarto e olho pra pilha de livros que tanto me animara no dia anterior. Massageio minhas têmporas. Uma pequena dor já começa a se instalar. Olho pro celular e vejo a quantidade de livros relegados a segundo plano. Penso na elaboração do projeto de monografia. Resolvo ler “Serial killer: Louco ou Cruel”. Arquivo corrompido é o texto que aparece na tela do aparelho. Sinto uma leve irritação. Então resolvo procurar outro e o nome Nora Roberts baila sobre os meus olhos. Nudez Mortal é um título interessante. Resolvo ler. A leitura prossegue junto com as horas. Sempre é assim quando gosto de um livro. Não consigo deixá-lo até terminar a leitura, não importa quantas páginas ele tenha. Minha outra irmã entra no quarto. “Sabia que você estava acordada. Minha mãe está te chamando”. Suspiro. “Que foi, mãe?” grito do meu quarto. Ela nada diz. Resignada, salvo a página que estou e levanto. Descer as escadas é difícil. Meu joelho esquerdo dói. Não tenho conseguido fazer força nele. Provavelmente a tendinite voltou, mas é óbvio que não tenho tempo pra tratar, então é esperar passar. “Já viu que horas tem?” ela diz quando apareço na cozinha. Olho pro relógio. “Que que tem as horas?” pergunto. “Pensei que agora você acordava cedo” Suspiro. “Estava lendo”. “Faça isso na hora que quiser ir ao computador”. Abro a despensa e vejo um pacote de farinha láctea. Sorrio. No meu apartamento tem duas caixas, mas não tem leite e por isso passei uma semana sem poder comer. Pego uma caneca e jogo um bocado da farinha dentro, colocando leite e misturando. Sento com dificuldade na mesa. Sentar também dói.

Sábado a tarde: Estou deitada na cama. Continuo lendo Nudez Mortal. O enredo me prende e adoro quando isso acontece. Sorrio a cada frase. Me parece tão óbvio quem é o verdadeiro assassino. Fico irritada pela investigadora não prestar atenção nas palavras da mãe de uma vítima. Continuo a leitura, cada vez mais mergulhada na trama. E então uma reviravolta surpreendente, que eu jamais poderia supor. Eu e Eve estávamos erradas. E pela primeira vez não achei ruim ter errado. Mas isso desafiava a minha mente. No próximo eu não poderia errar. Vejo as horas. Quase quatro. Olho pra pilha de livros da faculdade. Aquilo é rápido, pode ficar pra depois. Levanto com dificuldade. Mexer o joelho depois de um tempo que ele está imóvel dói. A cabeça já está bem pesada. Subitamente o bom humor foi embora. Uma sensação ruim. Depressão. Vazio. Desesperança. Vou ao computador. Coloco o cd do Contraplonge pra continuar escutando. Sete janelas do MSN abertas. Em cada uma, um tipo de assunto. Em cada uma, uma “atuação”. Ligo o automático: Não deixar ninguém perceber o quão profunda é a ferida. Falar superficialmente. Não dar muitas informações. Ficar longe de quem não precisa de informações para ver a verdade. Não preocupar quem realmente ficaria muito preocupado. Procurar algo pra fazer que pudesse prender a atenção. Mas o resultado foi nulo. Sorrio diante de tal estado. Uma boa notícia. Um sorriso contente. Planos. Dez minutos mais tarde a animação já se fora, apesar de ainda estar contente com a notícia. A melancolia conseguira vencer outra vez. Prestar atenção nas letras das canções. Finalmente sair do PC.

Sábado à noite: Sinto fome. Faço pipoca. Volto pro quarto e olho os livros da faculdade. Cansaço. Falta de vontade. Falta de ânimo. Volto pra debaixo das cobertas. Pego o celular. Procuro outro livro. Stieg Larsson. Os homens que não amavam as mulheres. Começo a ler. Vários cenários, várias histórias. Curiosidade pra saber quando tudo se entrelaçará. Vibração. Pego o outro celular. Recuso um convite pra sair. Volto a ler. Mergulho num outro mundo. Continuo lendo apesar do cansaço e do sono. Prossigo até ficar quase no limite. Então resolvo dormir. Olho as horas. Uma e quarenta e três da manhã. Lembro do passado. Antes lia até às quatro. Fecho os olhos e durmo. Mais uma vez, sem sonhos.

Domingo de manhã: “Seu pai já foi e voltou do supermercado. Mas ainda irá à feira. Você vai comprar alguma coisa?”. Abro os olhos, sonolenta. Vejo minha mãe na beira da minha cama. “Não, não vou.” Fecho os olhos e percebo que ela se fora. Adormeço. Acordo depois de algum tempo. Pego o celular e recomeço a leitura. Mesma irmã entra no quarto. “Por que você acorda e não levanta? Tem gente querendo usar o quarto. Vai arranjar alguma coisa pra fazer! Nunca pára de mexer nesse celular!”. Suspiro. Levanto e ouço o silêncio. Acho estranho a falta de barulho. Vejo pão fresquinho e como um. Vejo que mãe finalmente levantou. Vejo-a brigar com minha irmã, dizendo que devia estar deitada, já que está com hemorragia. Tento escapulir pra continuar lendo. “Faz o bife que você vai levar.” ela diz. Suspiro. Arregaço as mangas e tempero a carne. Começo a fazer o resumo. Desisto cinco minutos depois ao perceber que jamais terei paz pra me concentrar. Penso que deveria fazer isso no apartamento. Lembro que não tenho tempo pra isso. Penso em acordar mais cedo todo dia. Lembro como estou exausta e vejo a probabilidade de virar um robô caso passe a acordar mais cedo. Suspiro. Penso que a vida nem sempre é fácil. Lembro que, em regra, os que enfrentam dificuldades são os que chegam mais longe. Me conformo com a situação. Penso que podia vir apenas duas vezes por mês. Lembro que mãe tem uma doença grave. Suspiro. Penso que talvez devesse ser menos presa aos meus próprios princípios e convicções. Lembro que é por ser presa a isso que sou o que sou. Sorrio. Não sou uma má pessoa. Lembro da conversa do dia anterior. Tinha dito que entraria no piloto automático. Falei isso como se estivesse pensando alto. Uma possibilidade que tinha prós e contras. Percebo que talvez fosse o melhor no momento. Sim, ter a certeza que deveria engolir tudo. E sentir que não importava tanto assim, pois jamais seria capaz de guardar mágoa por muito tempo. As coisas eram difíceis. As coisas eram duras. As coisas machucavam. As feridas estavam sempre lá. As que foram construídas ao longo de toda uma vida. E com certeza ainda existiriam outras. Sorrio. Um sorriso fraco, pra combinar com os olhos. Os olhos que já não possuem a mesma luz de antes.

Domingo a tarde: Deito na cama. Tenho a certeza que só vou conseguir estudar depois de terminar o livro. Mergulho num mundo fictício. Por incrível que pareça, deixo o celular e resolvo ir até o PC. Umas conversas no MSN e uma pequena pesquisa pra outro trabalho. Então, mana quer mexer. Saio e dessa vez finalmente termino o livro. Fico curiosa pra saber como é o segundo livro dessa trilogia. Lembro que deixei a continuação dos dois livros no mp3 que ficou em Niterói. Suspiro cansada. Então anoto mentalmente pra baixar novamente. Lembro que não terei tempo pra ler durante a semana. Desisto de baixar novamente. Começo a ler o livro pro questionário. Desisto três minutos depois.

Domingo a noite: Pego o questionário de 7 perguntas e respondo duas. Atendo o telefone e recuso novamente uma saída. Resolvo que o resumo pode ficar pra outra semana. Pego o livro que a Caroline quer ler e coloco na mala. Volto pra cozinha e pego um copo de coca. Fico olhando pro nada e depois pra entrevista do Humberto Martins. Olho pro relógio. Resolvo voltar a net. Abro o MSN, o Orkut, o media player e o Word. Penso no meu blog e começo a escrever. Então olho pro resultado. “Interessante” penso quando acabo. “Realmente sou muito dramática e fraca” penso em seguida. Dou uma risada debochada. E não preciso olhar no espelho pra saber que meus olhos estão mais frios e duros. Em algum canto dentro de mim, um suspiro aparece e o sorriso debochado acaba. É... A luta vai ser complicada...

Até o próximo post.

sábado, 8 de agosto de 2009

Resposta

Depois de uma sexta-feira hiper longa (inclua aí trabalhar o dia inteiro, ficar duas horas na estrada e ir ao hospital com mãe quase morrendo com falta de ar), nada como chegar em casa e relaxar. Certo? Errado! Chegar em casa significa dor de cabeça, aporrinhação e desgaste emocional.

Então quando você finalmente coloca a cabeça no travesseiro, fecha os olhos e pensa: “Ainda é só o começo do final de semana, o que mais acontecerá?”, você já sabe que passará por uns dias que podem ser excluídos porque só vão servir pra aborrecimentos. Certo? Errado! Bem, pelo menos é errado se você for como eu, ou melhor, se você tiver alguém como uma tal de Sara Lecter em sua vida. *suspira feliz*

Quando tudo parece que vai dar errado ou até quando está dando tudo errado, ela aparece... Às vezes, como no caso de ontem, até involuntariamente. Uma vez escrevi um post que não coloquei aqui, mas que dizia: “quando a gente enrola e enrola pra ler uma coisa, é sinal de que quando acabarmos lendo, vai ser algo tão impactante que logo pensaremos que só lemos naquele momento porque tínhamos que ler naquele momento”. E assim foi com o post da Cah (Sara Lecter).

Eu sabia que estava sendo (usando as palavras dela) o objeto de estudo (ou era texto?) do post e até já tinha lido algumas linhas (impecáveis, como de costume), mas tinha sido apenas isso. Então depois de fechar os olhos e pensar em meu final de semana desventurado, lembrei dela dizendo para olhar o seu blog.

Peguei o cel e entrei na net... (primeira e última vez porque é muito lerdo e fico sem paciência) e depois de tentar entrar (em vão) no MSN, fui logo ler e aí foi um sorriso atrás do outro, uma risada baixa (para não acordar ninguém) e olhares para o nada pensando no quanto era verdade tudo o que tava escrito, assim como pensando no quanto a nossa relação é estranha e profunda.

Mas antes de entrar no tema central do post, que é falar sobre a minha querida K, é melhor você ler o post dela, já que farei referência à ele. Então corre lá, dá uma lida (comente *.*) e depois volte pra cá (e comente esse aqui quando terminar de ler *pula saltitante*). O link é: http://vamosjapararcomisso.blogspot.com/2009/08/puta-da-farrapos.html

Agora que eu espero que você já tenha lido e voltado, continuemos.

Pra começar, é claro que eu não a chamei de ridícula (é ela quem me chama assim), só a chamei de boba, hehe. E até agora não acredito que ela achou mesmo que eu poderia me chamar Aluanada. Mas sabe que não foi tão ruim? É sinal de que é uma menina inocente e que realmente acredita no que eu digo (o que é ótimo, já que por alguma razão eu sempre sinto vontade de lhe contar tudo, apesar de, às vezes, ser obrigada a deixar algumas coisas de fora *assovia*).

Essa ligação que ela citou, que foi quando eu tava refazendo o meu cartão (e à toa, porque encontrei o que achava ter perdido no dia seguinte ¬¬) foi, apesar dela ainda não saber disso, muito importante. Aliás, é engraçado... (e dessa vez não vai ser uma bomba, pelo menos eu acho) Ela foi a primeira pessoa que ficou sabendo dessa possibilidade. Ultimamente tudo que é realmente relevante, ela acaba sabendo até primeiro que os meus pais. Mas voltando ao que eu dizia, foi importante porque eu realmente tava passando muito mal naquela hora. Não sei se cheguei a lhe dizer, mas tava sentada porque nem conseguia andar direito, não conseguia ficar em pé de tão ruim, de tanta fraqueza. E mesmo estando longe fisicamente e mesmo talvez não percebendo, me fez ficar um pouco mais forte, me fez ficar melhor o suficiente pra conseguir ir pra casa.

E em relação a termos corações iguais, tenho uma observação interessante. No que somos diferentes, estamos sempre tentando tornar igual, já percebeu? No que discordamos, eu quero que você pense como eu penso e você idem. É claro que no fim, quase sempre percebemos que eu estou correta e aí vou te moldando aos pouquinhos, bem aos pouquinhos mesmo. *ri muito imaginando a sua cara - talvez ela até tenha revirado os olhinhos clarinhos que eu nunca sei se são azuis ou verdes* (foge antes dela entrar no PC e me esganar por até hoje não saber – amor, foi porque não fiquei olhando muito pras fotos. Prefiro descobrir pessoalmente, quando mergulhar os meus olhos castanhos nos seus e descobrir tudo o que ainda falta pra descobrir *dá uma piscadinha*)

Quanto aos nossos três bichinhos de estimação, não acredito que esqueceu de contar a piada sobre a Christie *chora copiosamente*. Eu ri durante dias por causa dela (outra coisa que a senhorita não ficou sabendo). E agora que já comentei algumas coisas aqui e no teu blog, vou dizer o que você fará quando me encontrar. Tem a versão Cah solteira e Cah casada, *morre de rir*. Como você está casada, vai essa versão:

Você ficará andando e olhando pros lados tentando me avistar. Então revirará os olhos e pensará: “Ela (eu) não podia ter escolhido um lugar com menos gente?”. Eu estarei de longe te observando e achando graça. Então pegarei o cel e te ligarei. Te verei pegar o Mario Rogério e então dar um suspiro de alívio. Atenderá a ligação já dizendo: Cadê você? Nunca vou te achar aqui!

Eu segurarei o riso e direi: Cah, não é você quem tem que me achar. Aliás, eu te disse pra não trazer tanta coisa.

Você olhará pra trás, depois pros lados e dirá num tom ameaçador: É bom aparecer logo, Luana! Não estou achando nenhuma graça.

Então eu suspirarei e num tom queixoso perguntarei: Por que eu sempre acabo fazendo o que você quer?

Você acabará rindo e dirá: É porque você me ama, agora vem logo!

Então eu, como boa moça que sou, obedecerei (apesar que estou em dúvida se vou ao teu encontro ou se você vem ao meu).

Assim que estivermos quase frente a frente, se eu estiver muito cansada, darei um sorriso xonho porque não estarei com forças, mas se eu não tiver, sorrirei abertamente e você acabará sorrindo também. Então me jogarei nos seus braços e te darei um abraço bem apertado. Um pouco depois você dirá num tom de quem está impaciente: Estamos em público, Luana. E aí eu te soltarei (hihihihihi) e começarei a tocar o seu braço, sua barriga, seu ombro, enquanto andamos. Dependendo da sua feição, talvez até arrisque um beliscão. Você irá reclamar, obviamente (pra quem não sabe, ela tem tesão em reclamar de mim, só pode, HUAHAUAHUHAUAHU – mas eu sei que ela irá reclamar só por hábito porque no fundo ela já esperava que eu tivesse essa reação e talvez até ficasse um pouco decepcionada se eu não fizesse tanta festa, hehe). Aí eu farei uma cara de menina inocente e, sem tirar o sorriso do rosto, direi: Era só pra ver se não é uma alucinação, se você realmente veio me visitar.

Então você sorrirá sem jeito e ficará uma pouco vermelha. Eu sorrirei encantada por finalmente poder te ver ficando vermelhinha e então direi: Me diz o que você tinha pra dizer. Você me olhará e tenho a ligeira impressão de que provavelmente ficará meio desconfortável. E...



E como já estou no fim da terceira folha do Word, vou terminando por aqui. Bem, se você (leitor, não a Cah) achou que eu ia dizer o que ela vai me dizer e não colocou no post dela, só lamento, hihihi. É claro que não direi.
Mas antes de terminar, *pula pro colo da Cah e faz cafuné*. Você faz minha vida ser muito mais feliz. Jamais vou poder agradecer o suficiente e nem mostrar o quão vital você é pra mim. Bendito dia que deixei aquele review. Minha vida também nunca mais foi a mesma. Eu te amo, amor! Te amo demais!
Até o próximo post povo!

domingo, 2 de agosto de 2009

Lidando com as perdas

“Eu tinha uma fotografia em minhas mãos e era inundada por lembranças... tive um pássaro de estimação na infância e por muitas vezes ele chegou a ser o meu único confidente. Para uma doce criança eu até tinha algum preparo emocional e me fiz de forte e de madura quando meu pai e eu fomos até um parque para que o meu amigo ganhasse a liberdade. Minha mãe me dissera que o melhor para ele era viver entre outros pássaros e que ele ficaria feliz comigo por deixá-lo ir, mas que se fosse o nosso destino permanecermos juntos, bem... você com certeza já ouviu isso. O que eu não sabia era que tantos anos depois eu seria remetida à mesma lição, e aprenderia finalmente que aqueles que nos amam não precisam de gaiolas, de grades, nem de amarras... mesmo livres, eles voltam para nós, por vontade própria.”


Estava exausta porque tive um dia muito cansativo e então me deparei com esse trecho de uma fic da Sara Lecter... Ah, a Sara... Ela aparece em todos os meus posts do blog, né? (Se você também lê as fics dela e nunca leu esse trecho, lamento informar, mas você não é vip :P)
Enfim, continuando... É engraçado como a gente muitas vezes lê algo quando a gente tem que ler, quando a gente está vivendo uma situação parecida ou quando a gente precisa de uma sacudida pra dar valor ao que temos.
Pensando nesse trecho, passei a formular várias hipóteses, afinal, uma das coisas que mais gosto de fazer é pensar em vários motivos pra uma determinada ação. Tudo tem dois lados e eu adoro descobri-los. Nesse caso específico, não se trata de lados e sim de diferentes formas de interpretação ou, melhor dizendo, de ponto de vista.
E se você amar demais uma pessoa e deixá-la livre esperando que ela volte e ela vai embora? Você vai dizer que era pra ser assim? Que não era pra vocês ficarem juntos? Ou vai se lamentar por não ter cuidado melhor, por não ter deixado preso por mais um tempo para que a pessoa percebesse que era você quem realmente importava, que era você quem realmente a faria muito feliz, por não ter dado mais um tempo pra que a pessoa visse que os seus destinos eram um só?
E se você for embora sabendo que alguém ainda te espera naquele lugar? E se apesar de amar demais, precisa ir pra descobrir quem você realmente é, pra finalmente encontrar seu lugar no mundo? E se doesse todos os dias por você estar longe, mas não voltasse mesmo assim porque muita coisa mudou, porque você ainda não estava preparado para viver tudo o que a outra pessoa espera viver?
Quem pode te culpar por deixar seu amor criar asas e descobrir o encanto do mundo? Quem pode te culpar por ir embora sem olhar pra trás porque só assim você se sentirá em paz consigo mesmo?
Se você faz parte do primeiro grupo, o que fez quando percebeu que a pessoa amada não voltaria? Se trancou em casa, fugindo de tudo e de todos e ficou maldizendo Deus por ter te tirado o que você mais amava? Fingiu que não se importava e continuou vivendo como se nada tivesse acontecido, mas encharcando o travesseiro de lágrimas todas as noites? Ou seguiu em frente, sabendo que o tempo não cura as feridas, mas cicatriza? Sei que você já deve ter cansado de escutar que o tempo apaga tudo, o tempo cura tudo... Talvez até eu mesma tenha dito isso a você. Mas sabe qual é a verdade? Eu estava te enganando! Uma ferida profunda não se cura, ela se cicatriza e uma cicatriz nunca some. Pode não doer, você pode até esquecê-la, mas ela sempre está lá e sempre estará, até o último dia e a única coisa que você pode fazer, é aprender a conviver com ela.
Agora se você faz parte do segundo grupo, bem... Aí complica um pouco, né? Afinal, o “e se” sempre andará contigo. E se você tivesse aberto mão de tudo pra ficar com a pessoa amada? E se você voltasse pra “casa” e lutasse pelo amor que te faz acordar? E se você finalmente desistisse de voltar e tentasse prestar atenção ao seu redor? E se você tivesse feito tudo diferente? E se... E se... E se...
Fiquei pensando nisso e mais questionamentos surgiram em minha estranha mente. Então percebi que é de outros “e se” que quero conversar contigo. E se você se permitisse amar sem egoísmo? Amar apenas pelo prazer de amar, pelo prazer de dar um sorriso bobo, pelo prazer de ver seu coração acelerar ao ouvir a voz da pessoa amada? E se você vivesse cada minuto como se fosse o último, fazendo tudo pra deixar a outra pessoa feliz e sem se importar com o futuro? E se você vivesse pensando apenas no presente e se deixasse levar pelo mar de emoções que é estar apaixonado?
Talvez você não pense isso, mas com certeza alguma outra pessoa que está lendo esse texto, pode achar que estou maluca, que isso é muito bonito na teoria, mas impossível na prática. E pra essa pessoa, só tenho uma coisa a dizer: deixe de ser egoísta, deixe de querer que alguém te ame, que alguém lute por você. Faça o que tem de fazer sem esperar nada em troca. Passe a viver sua vida sem pensar nisso e então alguém irá aparecer e vai gostar de você do jeito que você é.
Provavelmente alguém mais observador tenha percebido que nada falei sobre quem deixa o seu amor solto para voar e ele retorna querendo se aninhar em seus braços e exigindo amor e atenção.
Será que é preciso falar algo sobre isso? Tem alegria maior do que ver que você realmente conquistou a pessoa amada? Que ter a certeza de que aquela pessoa está contigo porque te ama e te aceita do jeito que você é, com os teus defeitos e as tuas qualidades?
Só que a vida é assim. Por mais que a gente tente, nem tudo sai como queremos. Não adianta planejarmos metodicamente porque do nada acontece algo e muda tudo e lá se vão os planos para o ar. A verdade é que alguns planos nunca deixam de ser planos, assim como alguns sonhos nunca deixam de ser apenas sonhos... Faz parte do crescimento e do amadurecimento de uma pessoa aprender a conviver com as perdas, com as decepções porque é isso que te transforma no que você vai ser amanha. Não é o modo como você vive ou como você se comporta na frente dos outros, o que determina quem você é, é o jeito que você reage às quedas, tombos, rasteiras que a vida e as pessoas te dão. É o jeito você segue a sua vida.
E a questão principal é: como você quer seguir a sua vida? De que lado você quer estar? Que tipo de pessoa você quer ser? Apenas pense nisso quando tiver um tempo vago... E talvez você descubra o que descobri quando pensei em tudo que falei aqui.

Ah, e esse texto é dedicado à ela, que tanto precisa de um ponto de partida para continuar seguindo em frente. Quem é ela? Se matem para descobrir^^